Stairs



Um tanto quanto másculo
com M maiúsculo
vejam só os meus músculos
que com amor cultivei

Minha pistola é de plástico
em formato cilíndrico
sempre me chamam de cínico
mas o porquê eu não sei

O meu bumbum era flácido
mas esse assunto é tão místico
devido ao ato cirúrgico
hoje eu me transformei

O meu andar é erótico
com movimentos atômicos
sou uma amante robótico
com direito a replay

Um ser humano fantástico
com poderes titânicos
foi um moreno simpático
por quem me apaixonei
e hoje estou tão eufórico
com mil pedaços biônicos
ontem eu era católico
Ai, hoje eu sou um GAY!!!!!

Abra sua mente
Gay também é gente
baiano fala oxente
e come vatapá

Você pode ser gótico
ser punk ou skinhead
tem gay que é Muhamed
tentando camuflar
(Allah meu bom Allah)

Faça bem a barba
arranque seu bigode
gaúcho também pode
não tem que disfarçar

Faça uma plástica
aí entre na ginástica
boneca cibernética
um robocop gay...

Um RoboCop Gay, eu sei, eu sei, eu sei, é um Robocop Gay...

Ai como dói!

Mamonas Assassinas : RoboCop Gay
Letra e música: Mamonas Assassinas
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3 Lines Down



Esta cova em que estás
Com palmos medidos
e a conta menor
que tiraste em vida !

E de bom tamanho
nem largo nem fundo
e a parte que te cabe
nesse latifúndio ...

Não é cova grande
e a cova medida
e a terra que querias
vai ser dividida

E uma cova grande
pra teu pouco defunto
mas estás mais ancho
que estavas no mundo

E uma cova grande
pra teu defunto parco
porém mais que no mundo
te sentirás largo.

E uma cova grande
pra tua carne pouco
mas a terra dada
não se abre a boca

E a parte que te cabe
nesse latifúndio
E a terra que querias
ver dividida

Zélia Barbosa : Funeral do lavrador
Letra e música: João Cabral de Melo Neto; Chico Buarque
In: "Brésil Sertão & Favelas"
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RED II



Achégate a mim, Maruxa

Achégate a mim, Maruxa
chégate ben, moreniña
quérome casar contigo
serás miña mulleriña

Adeus, estrela brilante
compañeiriña da lua
moitas caras teño visto
mais como a tua ningunha

Adeus lubeiriña triste
de espaldas te vou mirando
non sei que me queda dentro
que me despido chorando

Música: Zeca Afonso
Letra: popular: galego
Intérprete: Zeca Afonso
(cantar galego)
In: "fura fura", 1979;
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RED I



Francisco Fanhais; Adriano Correia de Oliveira (?) : Porque
Música: Francisco Fanhais(?)
Letra: Sofia de Melo Breyner

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner
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Frézias III



Este linho é mourisco

Letra e música: popular: Minho

Este linho é mourisco
e a fita dele namora
quem daqui não tem amores
pega o chapéu vá-se embora

Ai-a-li-o-lai-o-lai-lalolé(?)
lai-a-ró meu bem
regala-te o meu amor
regala-te e passa bem

O minha mãe dos trabalhos
para quem trabalho eu
trabalho mato meu corpo
não tenho nada de meu

Mondadeiras lá de baixo
mondai o meu linho bem
não olheis para a portela
que a merenda logo vem
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Frézias II



Carlos do Carmo : O homem das castanhas

Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.

É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.

A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.


Música: Paulo de Carvalho
Letra: Ary dos Santos
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Frézias



Olá linda moçoila
Que trazes pra mim
Para além da maldição
Se seres tão bela assim
Trazes beijos e levas-me
O troco no fim

Tapa os lábios com seda
Não vá ver-te alguém
E ficar encantado com eles
Meu bem!
E se a seda chegar
Tapa os olhos também

Olha que o dia não é seguro
Guarda-te em casa
Sempre que o sol nascer
Olha que a noite tem mau feitio
Não te aventures
Sempre que escurecer

Irei ver-te à noitinha
Pró povo não ver
Porque assim pelo escuro
Nem sombra vou ter
Ele há sombras pra tudo
Nem queiras saber

Olá linda moçoila
Prepara-te! Vou bater!

Letra e música: Mário Alves
In: "Mappa do Coração", 1997
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